Na linguagem tupi-guarani, Jureia significa "ponto saliente" (promontório) e Itatins, "nariz de pedra" (saliência rochosa).
EEJI - Foz do Rio Verde. Foto: Google Earth set/2002 |
EEJI - Foz do Rio Una. Foto: Google Earth set/2002 |
EEJI - Morro do Grajaúna. Foto: Google Earth set/2002 |
Durante 3 décadas a área foi objeto de cobiça para diversos fins, mas nenhum deles voltado à proteção ambiental.
Em muitas áreas próximas, no litoral Sul de São Paulo, boa parte da vegetação original foi destruída, pois não estava em locais protegidos.
A região da Serra da Jureia é o ponto mais preservado do litoral paulista. Em função do alto grau de preservação em que está, esta região possui 2/3 dos últimos 5% de cobertura vegetal primitiva que ainda resta no Estado de São Paulo, concentrando quase 40% de vegetação primitiva da área de todas as unidades de conservação do Estado. Protegida pela Serra dos Itatins, na região há uma grande planície aluvial* onde, em vários locais afloram morros, sendo a Jureia o mais elevado deles.
A dificuldade de acesso garantiu a preservação da região. Este conjunto de ecossistemas, que permanece praticamente intocado ao longo dos 50 km de litoral, mantém ainda todos os animais silvestres característicos e ostenta uma beleza indescritível.
Laboratórios da Estação Ecológica. Foto Ion de Freitas Filho - Dez/1984 |
O empreendimento imobiliário foi cancelado, uma vez que a Nuclebrás (Empresas Nucleares Brasileiras S/A, extinta em 30/10/1989) decidiu construir na região as usinas nucleares Iguape 4 e 5, decretando, ainda, que os entornos de usinas nucleares passariam a ser Estações Ecológicas.
Em 4 de junho de 1980, diante da ameaça de degradação ambiental que se avizinhava, a EEJI foi declarada de utilidade pública. Por conta do Decreto Federal Nº 84.771, de 4 de junho de 1980, do presidente João Figueiredo pretendia-se utilizar 23.600 hectares da área para abrigar as usinas nucleares Iguape 4 e Iguape 5, na região florestal da Jureia, entre os municípios paulistas de Iguape e Peruíbe.
Nessa época, a Nuclebrás já estava realizando na área pesquisas, melhorando as estradas, realizando terraplanagens, fazendo pontes e colocando uma balsa no Rio Una.
Foto Ion de Freitas Filho - Dez/1984 |
Neste contexto criou-se a Estação Ecológica da Jureia (1980), com 23.600 hectares, ficando proibido o acesso de qualquer cidadão que não fosse pesquisador ou cientista. Nessa época a Estação era administrada pela SEMA (Secretaria de Estado do Meio Ambiente).
Núcleo Grajaúna - Área onde seriam instaladas as usinas nucleares. Foto de Ion de Freitas Filho Dez/1984 |
Com acesso restrito apenas aos Estudiosos com projetos aprovados, o Núcleo Grajaúna ofereceria alojamento e infra-estrutura para realização dos trabalhos. Foto: 23/07/2002 Google Earth |
Atracadouro - Rio Verde - Foto de Ion de Freitas Filho Dez/1984 |
Ao deixar a área, a Nuclebrás teria vendido a balsa para os grileiros da região, e, sem manutenção, ela afundou no Rio Una. Como resultado, sem que os órgãos governamentais pudessem mais ter acesso à outra margem, os 25 km de estrada que levavam até a sede da Estação na região da Praia do Rio Verde, as inúmeras pontes do trajeto, a casa principal com os alojamentos dos pesquisadores, os laboratórios, as casas de funcionários, e todas as demais instalações, deixaram de ter manutenção, caíram em abandono, e com o tempo foram consumidos pelo mato, como se jamais tivessem estado lá um dia.
A preocupação quanto ao destino da Jureia levou moradores, ambientalistas, e organizações não governamentais a reivindicarem providências contra agressões ao ecossistema, resultando na criação da Estação Ecológica da Jureia Itatins (EEJI)através
do Decreto Estadual no 24.646, de 20 de fevereiro de 1986, que
foi regulamentado pela Lei nº 5.649, de 28 de abril de 1987, englobando a Serra
dos Itatins e aumentando sua extensão para os atuais 79.245 hectares.
Podem ser visitados na EEJI o Núcleo Itinguçu, a Vila Barra do Una, o Canto da
Praia da Jureia e Praia do Guaraú.
São desenvolvidas muitas pesquisas científicas na EEJI desde 1981,
principalmente pela Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP).Apesar de ter sua criação amparada por Lei desde 1986, e com núcleo de atividades de pesquisa funcionando, a conservação integral da Estação Ecológica Jureia ainda não está totalmente assegurada, pois a maior parte das terras que deveriam ser desapropriadas não tiveram sua situação fundiária regularizada. Além disso, há dificuldades em se levantar fundos para o pagamento dessas desapropriações.
A Estação Ecológica da Jureia-Itatins é administrada pelo Instituto Florestal, pertencente à Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.
Rota de Acesso: SP 160 (Rod. dos Imigrantes); SP 55 (Rod. padre Manoel da Nóbrega) até
Peruíbe Ou BR 116 (Rod. Régis Bitencourt); SP 55 até Peruíbe
MORADORES
Na EEJI habitam vários caiçaras, que ainda preservam sua cultura, formas de produção e subsistência, com um conhecimento muito apurado da natureza. Sua densidade populacional é muito baixa e por isso sua presença não chega a interferir de forma destrutiva na natureza.
Os índios e os negros são os maiores cultivadores das tradições locais, como danças, crenças religiosas, alimentação, artesanato e atividades de pesca e caça.
Os habitantes da região são, em sua maioria, pescadores, mateiros, caçadores, palmiteiros e caxeteiros (extratores da matéria prima para construção de lápis). Contudo, existem ainda posseiros (indivíduos que ocupam uma área há muito tempo, porém não possuem título de propriedade, ou aqueles que "abriram posse", subsistindo das atividades de cultivo e os que compraram direitos possessórios), fazendeiros, grileiros (indivíduos que tentam posse de território mediante falsas escrituras), caseiros (que trabalham para outro posseiro ou proprietário), meeiros (que trabalham como produtores sem serem donos da terra, e dividem parcela do produzido com o proprietário) e os comodatários (que ocupam a área sem ter vínculos empregatícios).
Até a Próxima Postagem!
Gi Prado
Fontes: