sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Jureia, uma História

Na linguagem tupi-guarani, Jureia significa "ponto saliente" (promontório) e Itatins, "nariz de pedra" (saliência rochosa).
EEJI - Foz do Rio Verde. Foto: Google Earth set/2002
A Estação Ecológica Jureia-Itatins nasceu da necessidade de proteger uma área que ameaçava sser degradada em pouco tempo.


EEJI - Foz do Rio Una. Foto: Google Earth set/2002
O Decreto Estadual número 31.650, de 8 de abril de 1958 instituiu a Reserva Estadual dos Itatins, em uma área de 12.058 hectares de terras declaradas devolutas na vertente atlântica da área montanhosa da Serra do Itatins, permitindo a preservação da Mata Atlântica nessa área.

EEJI - Morro do Grajaúna. Foto: Google Earth set/2002
Durante 3 décadas a área foi objeto de cobiça para diversos fins, mas nenhum deles voltado à proteção ambiental. 

Após um longo processo de mobilização da opinião pública, a reserva foi instituída em 1986, em favor da  preservação da área.

Em muitas áreas próximas, no litoral Sul de São Paulo, boa parte da vegetação original foi destruída, pois não estava em locais protegidos. 


A região da Serra da Jureia é o ponto mais preservado do litoral paulista. Em função do alto grau de preservação em que está, esta região possui 2/3 dos últimos 5% de cobertura vegetal primitiva que ainda resta no Estado de São Paulo, concentrando quase 40% de vegetação primitiva da área de todas as unidades de conservação do Estado. Protegida pela Serra dos Itatins, na região há uma grande planície aluvial* onde, em vários locais afloram morros, sendo a Jureia o mais elevado deles.

A dificuldade de acesso garantiu a preservação da região. Este conjunto de ecossistemas, que permanece praticamente intocado ao longo dos 50 km de litoral, mantém ainda todos os animais silvestres característicos e ostenta uma beleza indescritível.


Laboratórios da Estação Ecológica. Foto Ion de Freitas Filho - Dez/1984
Alguns anos depois, a área do Maciço da serra foi doada à Secretaria do Meio Ambiente por um empreendimento imobiliário, que pretendia implantar um "loteamento ecológico", de alto padrão, às margens do Rio Verde. Isso levou pessoas a se empenharem na preservação do Maciço da Jureia. O Maciço da Jureia tem 890 metros de altitude e é uma antiga ilha hoje ligada ao continente por terrenos de aluvião* cobertos por uma floresta costeira típica, de médio porte.

Em 12 de dezembro de 1977, por meio da Resolução número 11 do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT) da Secretaria de Cultura do Estado, declarou-se o tombamento do Maciço da Jureia, registrado como área cultural de interesse cênico e científico, e também o Rio Verde, da fonte ao estuário, permitindo assim a preservação dos manguezais a ele associados. 

O empreendimento imobiliário foi cancelado, uma vez que a Nuclebrás (Empresas Nucleares Brasileiras S/A, extinta em 30/10/1989) decidiu construir na região as usinas nucleares Iguape 4 e 5, decretando, ainda, que os entornos de usinas nucleares passariam a ser Estações Ecológicas.

Em 4 de junho de 1980, diante da ameaça de degradação ambiental que se avizinhava, a EEJI foi declarada de utilidade pública. Por conta do Decreto Federal Nº 84.771, de 4 de junho de 1980, do presidente João Figueiredo pretendia-se utilizar 23.600 hectares da área para abrigar as usinas nucleares Iguape 4 e Iguape 5, na região florestal da Jureia, entre os municípios paulistas de Iguape e Peruíbe.



Nessa época, a Nuclebrás já estava realizando na área pesquisas, melhorando as estradas, realizando terraplanagens, fazendo pontes e colocando uma balsa no Rio Una. 

Foto Ion de Freitas Filho - Dez/1984
Neste contexto criou-se a Estação Ecológica da Jureia (1980), com 23.600 hectares, ficando proibido o acesso de qualquer cidadão que não fosse pesquisador ou cientista. Nessa época a Estação era administrada pela SEMA (Secretaria de Estado do Meio Ambiente).
Núcleo Grajaúna - Área onde seriam instaladas as usinas nucleares. Foto de Ion de Freitas Filho Dez/1984
Com acesso restrito apenas aos Estudiosos com projetos aprovados, o Núcleo Grajaúna ofereceria alojamento e infra-estrutura para realização dos trabalhos.
Foto: 23/07/2002 Google Earth
Atracadouro - Rio Verde - Foto de Ion de Freitas Filho Dez/1984
Após alguns anos, a Nuclebrás desistiu de gerar energia nuclear na linha da costa do Estado de São Paulo e, consequentemente, não levou adiante a desapropriação da terra. 

Apesar de o projeto ter sido abortado, até hoje existem as marcas de alguns dos estragos feitos na época (escavações e desmatamentos), em razão do projeto que fazia parte do acordo entre Brasil e Alemanha.
Ao deixar a área, a Nuclebrás teria vendido a balsa para os grileiros da região, e, sem manutenção, ela afundou no Rio Una. Como resultado, sem que os órgãos governamentais pudessem mais ter acesso à outra margem, os 25 km de estrada que levavam até a sede da Estação na região da Praia do Rio Verde, as inúmeras pontes do trajeto, a casa principal com os alojamentos dos pesquisadores, os laboratórios, as casas de funcionários, e todas as demais instalações, deixaram de ter manutenção, caíram em abandono, e com o tempo foram consumidos pelo mato, como se jamais tivessem estado lá um dia.

Foto de dez/84: Ion de Freitas Filho, antropólogo social, trabalhou na Estação Ecológica da Jureia pela MI-SEMA do final de 84 até 87, realizando viagens técnicas como membro do Grupo de Parques da Secretaria Estadual do Meio Ambiente.
A preocupação quanto ao destino da Jureia levou moradores, ambientalistas, e organizações não governamentais a reivindicarem providências contra agressões ao ecossistema, resultando na criação da Estação Ecológica da Jureia Itatins (EEJI)através do Decreto Estadual n24.646, de 20 de fevereiro de 1986, que foi regulamentado pela Lei nº 5.649, de 28 de abril de 1987, englobando a Serra dos Itatins e aumentando sua extensão para os atuais 79.245 hectares.

Podem ser visitados na EEJI o Núcleo Itinguçu, a Vila Barra do Una, o Canto da Praia da Jureia e Praia do Guaraú.
São desenvolvidas muitas pesquisas científicas na EEJI desde 1981, principalmente pela Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).


Apesar de ter sua criação amparada por Lei desde 1986, e com núcleo de atividades de pesquisa funcionando, a conservação integral da Estação Ecológica Jureia ainda não está totalmente assegurada, pois a maior parte das terras que deveriam ser desapropriadas não tiveram sua situação fundiária regularizada. Além disso, há dificuldades em se levantar fundos para o pagamento dessas desapropriações.

A Estação Ecológica da Jureia-Itatins é administrada pelo Instituto Florestal, pertencente à Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.

Rota de Acesso: SP 160 (Rod. dos Imigrantes); SP 55 (Rod. padre Manoel da Nóbrega) até Peruíbe Ou BR 116 (Rod. Régis Bitencourt); SP 55 até Peruíbe

MORADORES

Na EEJI habitam vários caiçaras, que ainda preservam sua cultura, formas de produção e subsistência, com um conhecimento muito apurado da natureza. Sua densidade populacional é muito baixa e por isso sua presença não chega a interferir de forma destrutiva na natureza.

A ocupação humana na área remonta ao século XVIII, inicialmente por populações negras, indígenas e descendentes de europeus. No período de colonização, na busca por ouro, os portugueses usaram a Trilha do Imperador, que corre até hoje através da região conectando São Vicente e a Vila de Cananeia Mais tarde, a mesma trilha recebeu postes telegráficos, que eram usados para transmitir mensagens em Código Morse na época da Guerra do Paraguai, e que ficou conhecida como a Trilha do Telégrafo.

Os índios e os negros são os maiores cultivadores das tradições locais, como danças, crenças religiosas, alimentação, artesanato e atividades de pesca e caça.


Os habitantes da região são, em sua maioria, pescadores, mateiros, caçadores, palmiteiros e caxeteiros (extratores da matéria prima para construção de lápis). Contudo, existem ainda posseiros (indivíduos que ocupam uma área há muito tempo, porém não possuem título de propriedade, ou aqueles que "abriram posse", subsistindo das atividades de cultivo e os que compraram direitos possessórios), fazendeiros, grileiros (indivíduos que tentam posse de território mediante falsas escrituras), caseiros (que trabalham para outro posseiro ou proprietário), meeiros (que trabalham como produtores sem serem donos da terra, e dividem parcela do produzido com o proprietário) e os comodatários (que ocupam a área sem ter vínculos empregatícios).



* Solos aluviais são formados basicamente pela atuação do intemperismo químico na mesma região em que ocorre o desgaste da rocha, conservando por isso as características (ex.: massapê e terra roxa).

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Jureia - Um Paraíso Ecológico


Que tal uma ida até a Jureia?

Então vamos! 

Mas é só ir?

Prepare-se! A Jureia é Paraíso Ecológico e você precisa preservá-la!



Este Blog inicia com esta postagem porque minha turma do Mestrado em Ecologia, lá da Universidade Santa Cecília em Santos, vai neste feriado de 02/11 para o EEJI (Estação Ecológica Jureia Itatins) para uma Disciplina de Campo.


Chefiada pelos nossos queridos Mestres Walter Barrella e Milena Ramires, a equipe parte de Santos no dia 02/11 logo bem cedinho e retorna no dia 04/11.
Na bagagem muitos projetos, desejos, sonhos e a vontade imensa de conhecer mais essa natureza toda que nos pertence e pela qual todos somos responsáveis.


E, é claro, itens essenciais como protetor solar, boné, botas, repelente, kit de primeiros socorros, comida, cantil, binóculo, lanterna, óculos escuros, kit de higiene pessoal, roupas confortáveis e nada de salto alto ou mala de rodinhas. Lá tem areia e é preciso caminhar um bom trecho nela. Levar apenas itens necessários é essencial, pois terão de carregar na ida e na volta, faça sol ou chuva!


Ao chegar na Praia do Guaraú eles pegarão o barco e atravessarão para a Estação Ecológica Jureia Itatins, onde permanecerão no alojamento da Reserva.
O acesso à Estação só se dá por barco e caminhada. O Sérgio vai mandar um filminho dessa travessia pra conferirmos por aqui.

A Estação Ecológica

Em uma área de 79.830 hectares, e um perímetro de 216.100 metros, a Estação Ecológica da Jureia-Itatins é uma unidade de conservação da mata Atlântica, situada no litoral sul do estado de São Paulo. É a reserva de maior biodiversidade:Mata atlântica, floresta tropical pluvial de encosta e de planície, manguezal, restinga, praia arenosa e costão rochoso. A Estação funciona desde 20 de janeiro de 1986.



Situa-se nas divisas :
Cidade
Área
Iguape:
63.190,97 ha
Miracatu:
4.942,00 ha
Itariri:
3.270,00 ha
Peruíbe:
8.427,03 ha

Enquanto a turma vai e pesquisa bastante, eu fico por aqui colocando tudo o que está rolando por lá. 




Na volta deles faremos postagens do que encontraram, o que pesquisaram e muitas dicas pra quem quer ir também.



Até a volta... 

Gi Prado